A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou audiência pública nesta quinta-feira (28) para discutir a infestação de carrapatos-estrela no DF. A iniciativa do debate foi do deputado Ricardo Vale (PT), que cobrou uma política clara para evitar que doenças vindas de carrapatos não cheguem à capital federal.

A Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade) esteve representada no evento com a diretora de Assistência Social, Fatima Mosqueira e o gerente geral da instituição, Cirando Dourado.

Em seu pronunciamento, Vale reforçou que o problema não são as capivaras, e sim os carrapatos, sendo inviável tomar atitudes que penalizem os animais.

O pesquisador e autor do livro “Capivara”, José Roberto Moreira, disse que em estudo solicitado pela Secretaria do meio ambiente do DF, não houve constatação de febre maculosa na Capital. A pesquisa, que durou um ano e foi realizada na beira do Lago Paranoá, investigou capivaras e carrapatos.

A secretária executiva de Estado do meio ambiente e proteção animal do Distrito Federal (SEMA-DF), Luiza Helena Silva, concordou com José Moreira e acrescentou que o assunto só ganhou força devido à mídia dada aos casos de Campinas (SP). Para ela, que é bióloga e veterinária, o controle das capivaras é complicado pois é difícil manejá-las.

Para o presidente do Sinlazer, Luís Gonzaga, houve um aumento das capivaras no DF desde a década de 60. Gonzaga também afirmou que a falta de informação faz com que se tenha ataques de capivaras nas náuticas e espaços abertos e indagou como ficará a situação dos clubes com a presença desses animais.

“Nós somos urbanos e não devemos prejudicar o meio ambiente, não devemos eliminar animais. Mas será que somos obrigados a conviver com a fauna silvestre dentro do nosso espaço urbano? E se fossem onças e outros animais agressivos ou peçonhentos? Será que nós deveríamos ter essa condescendência mesmo correndo riscos de vida”?

Em resposta às questões levantadas durante a audiência, o subsecretário de vigilância e saúde do DF, Divino Valério, acrescenta que com a globalização e advento da internet, houve celeridade de comunicação na mídia e até falsas informações e pseudos informações, o que causa histerismo.

O presidente do Instituto Brasília Ambiental (IBRAM-DF), Rôney Nemer, conclui que com as informações rápidas na internet, é complicado agir e falar sobre este assunto. Para ele, a pauta não deveria ser das capivaras, mas sim dos carrapatos.

“Éguas, cavalos, cães, gatos e roedores também são hospedeiros, então achar que é só a capivara que transporta o carrapato-estrela é insano, pois daqui a pouco nós vamos ter gente fazendo tiro ao alvo.

Por fim, Rôney também acrescentou que o número de capivaras pode ter aumentado devido à pandemia de COVID-19, que afastou a população de zonas ambientais e fez com que as capivaras fossem para tais áreas.

O deputado Ricardo Vale (PT), informou que a partir de agora montará um grupo de trabalho para tratar o assunto, ouvir a comunidade, órgãos do GDF e buscar conciliar o bem estar dos animais com as inquietações da população. Em breve será agendada novas audiências públicas, se for necessário.

Em paralelo a isso, o Sinlazer fará novos testes nos clubes para tentar acabar com os problemas sem entrar em embate com nenhum segmento. Nos próximos dias será agendada reunião para identificar os próximos passos.